ATA DA DÉCIMA SEXTA SESSÃO
SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA,
EM 28.05.1998.
Aos vinte e oito dias do mês
de maio do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às
dezessete horas e vinte e nove minutos, constatada a existência de “quorum”, o
Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à
entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Dagoberto
Lima Godoy, nos termos do Projeto de Lei do Legislativo nº 107/98 (Processo nº
1712/97), de autoria do Vereador Cláudio Sebenelo. Compuseram a MESA: o
Vereador Luiz Braz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor
César Acosta Heck, Supervisor da Secretaria Municipal de Produção, Indústria e
Comércio e Presidente do Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia,
representando o Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor Giovani
Marocco, Cônsul da Itália; o Senhor Masanori Toda, Cônsul do Japão; o Senhor
José Flávio Rocha Silveira, representante da Secretaria Extraordinária para
Assuntos da Casa Civil; a Senhora Maria Beatriz Gomes da Silva, Secretária
Estadual de Educação; o Desembargador Alfredo Englert, representante do
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; o Juiz Nilson Paim de
Abreu, representante do Tribunal Regional Federal da 4ª Região; o Coronel Irani
Siqueira, representante do Comando Militar do Sul; o Senhor Luiz Paulo
Rodrigues Cunha, Secretário Estadual de Ciência e Tecnologia; o Senhor Guilherme
Socias Villela, Presidente da AGERGS; o Senhor Dagoberto Lima Godoy,
Homenageado; o Vereador Cláudio Sebenelo, na ocasião, Secretário "ad
hoc". A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem
à execução do Hino Nacional. Após, concedeu a palavra aos Vereadores que
falariam em nome da Casa. O Vereador Cláudio Sebenelo, em nome das Bancadas do
PSDB, PSB e PFL, discorreu acerca da atuação profissional do Senhor Dagoberto
Lima Godoy, analisando posicionamentos assumidos por Sua Senhoria frente à
realidade brasileira e declarando observar-se forte espírito social em todas as
atividades realizadas pelo Homenageado. A Vereadora Sônia Santos, em nome da
Bancada do PTB, saudou o Senhor Dagoberto Lima Godoy, afirmando ser ele um
exemplo de competência e preocupação com a qualidade profissional mas, acima de
tudo, um ser humano envolvido na busca do crescimento interior e da
solidariedade entre as pessoas. O Vereador Adeli Sell, em nome da Bancada do
PT, discorrendo sobre o que representa a questão industrial no conjunto do
desenvolvimento de uma cidade, destacou a importância da atuação do Homenageado
para o crescimento da indústria gaúcha. O Vereador João Dib, em nome da Bancada
do PPB, disse ser o Senhor Dagoberto Lima Godoy um vencedor e, estendendo a
presente homenagem aos familiares de Sua Senhoria, analisou o significado do
apoio familiar recebido pelo Homenageado durante sua trajetória profissional e
pessoal. A Vereadora Clênia Maranhão, em nome da Bancada do PMDB, destacou a
justeza da presente homenagem, salientando ter acompanhado a trajetória pública
do Senhor Dagoberto Lima Godoy e observado nela uma visão holística do mundo,
voltada para o desenvolvimento integral do ser humano. O Vereador Lauro
Hagemann, em nome da Bancada do PPS, dizendo que Porto Alegre engrandece-se com
a presente homenagem, teceu considerações acerca da importância, para o futuro
da humanidade, de lideranças capazes de entender a modernidade em todas as suas
nuances e implicações. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças
das Senhoras Helena Lima Godoy e Dione Teresa Vanoni Godoy e do Senhor André
Vanoni Godoy, respectivamente, mãe, esposa e filho do Senhor Dagoberto Lima
Godoy. Após, o Vereador Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, saudou o Homenageado,
registrando ser este Legislativo plural em suas visões da sociedade, o que
reforça a importância da aprovação unânime recebida pela proposta do Título
hoje concedido. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou o Vereador
Cláudio Sebenelo e o Senhor César Acosta Heck a procederem à entrega, respectivamente,
do Diploma e da Medalha referentes ao Título Honorífico de Cidadão de Porto
Alegre ao Senhor Dagoberto Lima Godoy. Após, o Senhor Presidente procedeu à
entrega, ao Homenageado, de exemplar da trilogia “Rio Grande do Sul - Portfólio
Poético e Documental” e, em continuidade, concedeu a palavra ao Homenageado,
que agradeceu o Título recebido. Após, o Senhor Presidente convidou os
presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Riograndense e, nada mais
havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e trinta e
oito minutos, convidando a todos para a Sessão Solene a ser realizada às
dezenove horas. Os trabalhos foram presididos pelos Vereador Luiz Braz e
secretariados pelo Vereador Cláudio Sebenelo, Secretário “ad hoc”. Do que eu,
Cláudio Sebenelo, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata
que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º
Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Estão abertos os trabalhos da presente
Sessão Solene, destinada a homenagear o Sr. Dagoberto Lima Godoy.
Convidamos
para compor a Mesa o Sr. Cesar Acosta Reck, Supervisor da SMIC e Presidente do
Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia, representando o Sr. Prefeito
Municipal; o nosso homenageado, Dr. Dagoberto de Lima Godoy; o Sr. Altair de
Lemos, Cônsul do Peru; o Sr. Giovani Marocco, Cônsul da Itália; Sr. Masanori
Toda, Consul do Japão; Sr. José Flávio Rocha Silveira, representante da
Secretaria Extraordinária para Assuntos da Casa Civil; Sra. Maria Beatriz Gomes
da Silva, Secretária Estadual de Educação; Desembargador Alfredo Englert,
representando o Tribunal de Justiça do Estado; Coronel Irani Siqueira,
representante do Comando Militar do Sul.
Vamos
dar início a esta homenagem. Convidamos a todos para, em pé, cantarmos o Hino
Nacional, que será interpretado pela Banda da Ajudância Geral da Brigada
Militar, regida pelo Sub-Tenente Dias.
(Executa-se
o Hino Nacional.)
Queremos
anunciar a presença dos Vereadores Sônia Santos, Clênia Maranhão, João Dib,
Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, Cláudio Sebenelo - proponente desta homenagem
-, Lauro Hagemann e Adeli Sell.
Quero
cumprimentar nosso Deputado Eliseu Santos, que nos prestigia com a sua
presença, e todas as Senhoras e Senhores que vieram a esta Câmara Municipal
para participarem dessa homenagem tão justa, solicitada de acordo com Projeto
apresentado pelo Ver. Cláudio Sebenelo, para entregar o título de Cidadão de
Porto Alegre ao Sr. Dagoberto Lima Godoy, sem dúvida, hoje uma das maiores
lideranças que temos no Estado do Rio Grande do Sul. E alguém que faz com que
possamos nos orgulhar muito de sermos gaúchos, dada a sua luta, sua altivez quando
está discutindo interesses do Rio Grande do Sul.
Quero
chamar, também, para integrar a Mesa, o Sr. Luis Paulo Rodrigues Cunha,
Secretário de Ciência e Tecnologia; cumprimentamos o ex-Prefeito de Porto
Alegre, Sr. Guilherme Socias Vilella, que é Presidente da AGERGS, e o
convidamos que venha nos honrar com sua presença na Mesa.
O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra e falará em nome das Bancadas do PSDB,
do PSB e do PFL.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Gozamos do intenso privilégio de presenciarmos o mais vertiginoso e
notável progresso tecnológico de todos os tempos. A humanidade se aperfeiçoa e,
fisicamente, se apequena a cada nova ciência que surge, e o homem, ao fechar as
portas do Século XX, abre, automaticamente, as do próximo milênio, enfrentando
as conseqüências de toda a sua grandeza, mas também, de todas as suas mazelas.
O mundo experimenta o permanente reajuste das economias, e hoje já não mais se
fala em países, mas em blocos econômicos; os nacionalismos só ocorrem como
regressão histórica. É impositiva a estabilidade monetária dos seus
componentes, a reforma de estado e, a seguir, novas propostas de
desenvolvimento, em que a perfídia capitalista, ao desenvolver, desemprega. É
forçoso buscar a solução no terciário, na prestação de serviços, no turismo, na
agricultura, buscando-se, também, a utopia do pleno emprego e do bem-estar
social através do desenvolvimento e através do desenvolvimento industrial. Os
interesses dos blocos econômicos se digladiam de forma intensa, mostrando as
fragilidades, as associações ou a sua própria pujança.
Na
verdade, almejamos muito mais. Em última análise, a passagem para o status do novo século: o homo sapiens faber para o homo lucidus. Só os que percebem as
transformações fluentes neste planeta, que já vai se tornando pequeno pela
velocidade de nosso cotidiano, podem entender o quanto é necessária a
emergência de cabeças pensantes, dirigentes e responsáveis pelos destinos das
nossas sociedades, intérpretes de sua época e líderes condutores de toda uma
geração. No dizer de Edgar Morin, “moramos na Terra-Pátria”. Ao mesmo tempo em
que presenciamos o desfacelamento de inúmeras nações tecidas nas uniões
tribais, causado pela falência das utopias socialistas, vemos outras se
associarem e solidificarem suas economias em blocos caleidoscópicos, a disputar
a hegemonia e a compararem PIBs, qualidade de vida e potencial
desenvolvimentista. Esse é o panorama.
Há
58 anos, em 17 de abril de 1938, nascia, na capital do vinho gaúcho, nosso
homenageado de hoje. Engenheiro, advogado, empresário, dirigente - tanto na
área pública como na privada -, vem se destacando exatamente por esse tipo de
visão integrada do mundo atual e de seus locais de trabalho, de sua região.
Dizia Leon Tolstoi: “Fale-me da sua aldeia e entenderás o universo.”
Conservando-se empresário na sua Caxias do Sul, o Presidente da Federação das
Indústrias do Rio Grande do Sul, o Vice-Presidente da Confederação Nacional das
Indústrias, Engenheiro Civil, Advogado, com incontáveis e variadas funções
desempenhadas na nossa Cidade, no Estado e no País, multi-condecorado e
distinguido em prêmios e homenagens, não esquece de voltar suas atividades para
o social, falando da sua aldeia, universalizando-se. Fornece ao nosso operário,
além do aprendizado, a assistência médica - inclusive com a moderna visão do
médico de família para seus operários -, assistência odontológica e social, de
tal forma que seu destaque, às vezes pelo profundo saber, às vezes pela
discrição, pela noção organizativa, não o impede de voltar-se para os maiores
problemas que enfrentamos nessa fase da sociedade pós-industrial: por
iniciativa da FIERGS, uma pesquisa singela e competente sobre a incidência de
drogas em nossas fábricas, é um dos trabalhos mais talentosos e mais voltados
para o social que conhecemos. Ou o final de seu discurso, pronunciado em 16 de
abril de 1997, em Hannover, no Seminário Brasil-Alemanha, constante da agenda
da Feira de Hannover: (Lê.) “O conceito moderno e saudável de “coopetição” - em
inglês coopetition - é que deve
prevalecer na busca de relações econômicas entre países e blocos econômicos. A
competição, como principio inafastável da eficiência e produtividade, é
indispensável para formular nossas riquezas, mas a cooperação honesta e justa
que se impõe para a construção de um mundo com menos desigualdades e, por isso
mesmo, com perspectiva de mais segurança e paz para todos nós, seus cidadãos de
todos os continentes. Buscamos a cooperação, não a dominação”.
Em
outra oportunidade, dizia o nosso homenageado: (Lê.)
“A
integração do Brasil e a ALCA deve ser conduzida com cuidado, com competência,
sem a ingenuidade e o açodamento que tem marcado alguns lances de abertura de
nosso mercado à competição internacional. O desafio é gigantesco e, mesmo
considerando a união das forças do MERCOSUL, a desproporção dimensional é
assustadora”.
Noticia
um jornal do ano passado: (Lê.)
“Godoy
defende enfaticamente a posição do empresariado brasileiro de não-antecipação
do prazo de 2005, como pretende o governo norte-americano, e da queda imediata
das barreiras impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros,
especialmente calçados, aço, couro, cítricos, têxteis e outros. Os parceiros do
Norte devem demonstrar, com atos concretos, seu compromisso com a eqüidade da
Associação. O Brasil tem autoridade moral para esperar, de parceiros da ALCA, o
mesmo tratamento que têm com os seus sócios menores do MERCOSUL, marcados pela
renúncia a pretensões e a hegemonias. Buscamos, na dignidade da convivência, uma
relação de cooperação; jamais de dominação. III Fórum Empresarial das Américas
em Belo Horizonte”.
Pois
esse é o homem. Há um claro recado no texto cujo autor, além de acostumado à
bravura, ao destemor, à defesa de sua gente, de seu País, é capaz, ao mesmo
tempo, de inspiração maior.
Ao
dotar a Cidade onde mora, onde vive, de uma casa de espetáculos como o Teatro
do SESI, Porto Alegre lhe ficará a dever eternamente por esse magnifico
acréscimo cultural, com espaço onde todas nossas camadas sociais poderão dar
vazão aos seus anseios intelectuais e artísticos, prova evidente do que a
pujança de uma instituição e de seus homens pode legar e estimular
positivamente obra para as próximas gerações.
Dr.
Dagoberto, o seu documento, ontem publicado na imprensa local, é mensagem de fé
no futuro de nosso Estado, arrancado para o desenvolvimento e crescimento de
maneira sustentada. “Apostamos - diz o Dr. Dagoberto - numa verdadeira nova
arrancada de desenvolvimento. Estamos convictos de que, embora o curto prazo ofereça
incertezas e dificuldades, as perspectivas de médio e longo prazo, ensejam
grandes esperanças. Tornar tais esperanças em realidade tangíveis é o desafio
maior que devemos assumir firmando um compromisso com o futuro da sociedade
gaúcha”.
Esse
falar com o gosto enlouquecido de esperanças, de futuro, de sucesso, de
estímulos aos nossos jovens, veio de um homem que soube construir a sua
família, inclusive, Dona Dione, um dos seus filhos é meu colega de profissão,
Dr. Dagoberto, figura proeminente da pneumologia do Rio Grande do Sul, que
muito nos orgulha.
Sua
Cidade, seu Estado, seu País, sua sociedade, hoje, é abraçado por essa Porto
Alegre, por seu ar, por sua silhueta, por sua gente que passa a chamá-lo de
Cidadão Emérito como forma de reconhecimento a um dos seus maiores homens
públicos, cujo legado, exemplo de dedicação, de trabalho, de brasilidade,
acrescenta a essa galeria, sua figura invulgar. Dr. Dagoberto Lima Godoy
Cidadão Honorário de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Sônia Santos está com a palavra
pela Bancada do PTB.
A SRA. SÔNIA SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Quando subimos a esta tribuna para
homenagear um novo cidadão de Porto Alegre, temos a nossa frente um desafio. O
desafio de prestar louvor a uma pessoa que muito fez por esta Cidade e que, com
certeza, continuará fazendo. O desafio de, muitas vezes, falar sobre pessoas
ilustres, mas que por algum motivo não tivemos o prazer de compartilhar, de
conhecer mais pessoalmente, mas, sobretudo, o desafio de sermos fiéis a
verdade.
Para
que pudéssemos vencer esse desafio, busquei conhecer mais do Dr. Dagoberto Lima
Godoy além daquilo que todos nós já sabemos, ser ele um empresário de sucesso,
uma pessoa obstinada pela qualidade. Conversando com amigos seus, pedi a eles
que o definissem com uma única palavra, a maioria deles o definiu com o
adjetivo culto. Mas, conforme
conversávamos, percebi que, por trás dessa pessoa serena e fleumática, havia um
ser humano preocupado com o próximo, uma pessoa que buscava não somente o
crescimento externo, o rendimento, o progresso, mas o crescimento interior,
porque ele sabe que só quando as pessoas são cônscias e conhecem o seu
potencial, por dentro, é que verdadeiramente vão crescer por fora, vão
progredir e ele se empenha nesta tarefa de auxiliar o próximo a crescer.
Descobri que esta pessoa reservada é uma pessoa sensível. Um homem apaixonado
pelas vinte e três letras do alfabeto e as sete notas musicais; alguém que como
Quevedo diz: “Aprendeu a ouvir os escritores com os olhos”. Mas, certamente,
bem mais do que isso, aprendeu também a ver os músicos com os ouvidos.
Por
tudo isso, Dr. Dagoberto e certamente muito mais outras coisas que nós
conseguimos alcançar que o Senhor, hoje, está sendo homenageado por esta Cidade
com o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre e está Cidade, certamente,
tem muito a lhe agradecer pelo seu exemplo de sucesso, pelo seu exemplo de
humanidade, pelo seu exemplo de sensibilidade. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra
pelo Partido dos Trabalhadores.
O SR. ADELI SELL: Meu caro Presidente Luiz Braz, nosso
homenageado Dagoberto Lima Godoy, autoridades nominadas, meus caros colegas
Vereadores, minhas Senhoras, meus Senhores. É um prazer muito grande, em nome
da Bancada do Partido dos Trabalhadores fazer esta homenagem ao nosso Cidadão
de Porto Alegre Dagoberto Lima Godoy.
Ademais,
sou Presidente da Comissão de Economia Finanças e Orçamento desta Casa e sou um
aprendiz de algumas questões, que considero fundamentais da economia de Porto
Alegre. Trago também, aqui, o abraço do Prefeito Municipal que não pode estar
presente neste momento, que se faz representar pelo César Reck do nosso IATEC.
Este seu desempenho diante da FIERGS e de outras instituições, esta relação
construída conosco aqui em Porto Alegre com a nossa Tecnópolis, com o nosso
IATEC, são relações que vêm sido construídas, com a municipalidade, no
incentivo de tecnologia a nossa indústria. Isso por si só já lhe dá a condição
de receber este Título da Cidade de Porto Alegre, porque nós temos um débito
com V. Exa. Mas, sem dúvida, toda a sua trajetória, todo o seu comportamento
social, o seu afinco, a sua perseverança com as coisas que faz, o seu
desempenho diante de instituições, fazem do senhor um merecedor deste título.
Quero
dizer mais, esta Cidade que lhe dá esse título merece, mais do que nunca, a
atenção da nossa coletividade para essa questão tão importante dos dias de
hoje, que é a questão industrial e o desenvolvimento econômico e social.
O
senhor já fez com as suas instituições, com os seus colegas de profissão, muito
por esta Cidade. Mas nós, ao lhe darmos esse título hoje, tenho certeza de que
vamos continuar e ter o direito de cobrar mais para com a nossa Cidade.
Precisamos desse seu empenho, desse seu vigor, para que tenhamos mais aporte de
indústrias, de incentivos, de desenvolvimento para a nossa Capital. Porque, nos
dias de hoje, há certos setores da indústria, e o senhor, certamente, por ser
um industrial moderno, há de compreender que precisamos inovar, modernizar. E
tem na nossa Cidade, sem dúvida nenhuma, uma base importante para esse
desenvolvimento. Eu sei que o seu desprendimento e o seu trabalho já lhe deram
esse título, mas também sei que o maior trabalho ainda está pela frente, porque
o nosso povo precisa da continuidade do seu trabalho.
Por
isso, nós lhe homenageamos hoje, em nome da nossa Bancada, do Partido dos Trabalhadores,
e lhe pedimos mais trabalho e mais dedicação por Porto Alegre. O senhor já
mereceu o título, Porto Alegre merece a sua presença aqui nesta Mesa, mas tenho
certeza de que merecemos mais para Porto Alegre, porque nossos filhos, no
futuro, olharão para o passado, para este dia e vão dizer que valeu a pena
lembrar daqueles que construíram esta Cidade, esta Capital. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra pelo
PPB.
O SR. JOÃO DIB: Exmo. Sr. Presidente, Ver. Luiz Braz.
(Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Certamente não vou falar das
qualidades que levaram esta Casa, por unanimidade, a dar, a Dagoberto Lima
Godoy, o título de Cidadão de Porto Alegre.
Ele,
realmente, o merece, e todos sabemos disso. Mas a vida é uma estrada longa,
larga, desconhecida, que deve ser percorrida por todos nós. Ou a percorremos
como um farrapo, vencidos, ou pavimentando essa estrada longa, larga,
desconhecida, como vencedores. E Dagoberto Lima Godoy é um vencedor.
Mas
ninguém vence sozinho. Ninguém! É preciso que tenha família, é preciso que
tenha amigos, e o Dagoberto Lima Godoy tinha a Dona Helena, que eu conheci,
esposa do então Tenente Godoy lá em Caxias. Depois ele encontrou a Dione, que
lhe deu filhos maravilhosos como o Dagoberto, o André e a Raquel.
Nessa
vida difícil que a gente leva, muitas vezes é indispensável esse apoio: dos
pais, dos irmãos, da esposa e dos filhos em especial. Quando as coisas saem
erradas - e saem muitas vezes -, é preciso que tenhamos alguém que nos estimule
a continuar vencendo. Só assim nós vencemos. Repito: ninguém é homenageado
sozinho. Hoje toda a família Godoy está sendo homenageada.
Nós
precisamos que o Dagoberto, novo Cidadão de Porto Alegre, continue lutando pelo
progresso: progresso do Rio Grande, do Brasil e de Porto Alegre, mas que tenha
em mente que o progresso só é realmente válido quando o seu objetivo principal
é a criatura humana. E é isso que eu quero que o jovem Cidadão de Porto Alegre
continue fazendo. Saúde e paz! Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra a Vera. Clênia Maranhão
que fala pela Bancada do PMDB.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa.) Amigos, amigas do Dr. Dagoberto.
Comentava com a Dona Eva Sopher que a grande dificuldade do orador que fica por último é que ele fica com poucas chances de colocar as qualidades da pessoa homenageada.
Portanto,
serei breve até porque, seguramente, todos que estão aqui conhecem o Dr.
Dagoberto, sua trajetória e o quanto é merecida a homenagem que a Câmara
Municipal presta-lhe nesta tarde. Aliás, hoje é um dia extremamente feliz,
porque temos oportunidade de fazer duas homenagens a duas grandes lideranças da
nossa Cidade, lideranças fundamentais para esse final de século: homenageando o
Dr. Dagoberto, nosso líder da área empresarial, setor produtivo; e a magnífica
Reitora Wrana Panizzi, da área da educação. Questões fundamentais para esse
final de século.
Quero
lembrar de algumas oportunidades que tive de conviver com o Dr. Dagoberto e
dizer que sempre que tive esse privilégio surpreendeu-me a capacidade que ele
tem de incorporar no seu discurso, sempre, a certeza de que as coisas avançam, especialmente quando o tema é crise, quando
o tema é meio ambiente, quando o tema é relação do setor privado com o setor
público, inclusive quando é tema é sobre a questão da mulher. Posso afirmar
isso, porque tive uma oportunidade ímpar de participar de uma Mesa no dia 8 de
março com o Dr. Dagoberto, no Dia Internacional da Mulher, há três anos. E,
naquele momento, ele foi pioneiro em uma tese que hoje está muito em discussão
na sociedade, de que o poder seria mais bem distribuído entre homens e
mulheres, e quando fosse mais concretizado, esse poder seria mais humanizado,
porque as mulheres trariam para a estrutura do poder privado - e eu acho que
isso acontece também no setor público - as características que a sociedade
considera femininas, mas que são características humanitárias.
Fiquei
muito impressionada com essa experiência, porque esta concepção era
extremamente nova no mundo teórico de quem trabalhava esse tema.
Fiquei
pensando como o Dr. Dagoberto, com sua agenda ocupadíssima, trabalhando na sua
empresa, na representação política, na representação empresarial, pode estar
tão antenado com uma concepção de vanguarda como aquela daquele momento.
Depois,
acompanhando a trajetória pública, entendi porque ele assim pensava. É porque
ele tem uma visão holística do mundo. E essa visão holística que tem liberado
nos seus discursos e seus pensamentos, exatamente contempla a possibilidade do
desenvolvimento integral em todas as áreas e de todas as pessoas.
E
o líder é fundamentalmente a pessoa que é capaz de fazer isso, capaz de
compreender o seu tempo, estar a frente desse tempo, sem se distanciar dele. E,
portanto, sendo o vínculo e o elo que faz avançar o tempo e construindo a
história.
Que
bom que o Rio Grande do Sul pode contar com V. Sa. e que bom que a FIERGS tem
sua sede em Porto Alegre. Porque podemos, aqui, na nossa Capital usufruir da
sua competência e do seu exemplo. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra
pelo PPS.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Em nome do meu Partido, o PPS,
sinto-me muito à vontade para saudar a figura do nosso homenageado. Isso até
pouco tempo atrás, há bem pouco tempo, seria tomado como uma ousadia e até não
seria bem compreendido por setores da nossa sociedade, mas posso afirmar, com
toda tranqüilidade, que estamos, hoje, num caminho muito parecido e é esse o
motivo da minha satisfação para saudar o Dr. Dagoberto. Ele é um homem que está
entendendo a modernidade como ela deve ser entendida. É por isso que Porto
Alegre se engrandece ao recebê-lo como um dos seus cidadãos honorários, pois
nesta Cidade está-se praticando essa visão que vai dobrar o milênio, logo ali.
Precisamos de homens dessa estirpe, porque a sociedade humana está num profundo
processo de revolução, e se nós não entendermos o que está acontecendo no
mundo, e o que vai acontecer, nós não estaremos e não seremos dignos de sermos
dirigentes dessa sociedade. A preparação para o futuro inclui inteligência,
como essa do Dr. Dagoberto, a frente de uma entidade de classe. Não que a luta
de classes tenha terminado - isso é uma questão histórica e não vai acabar
assim -, mas precisamos entender que todas as classes tem seu lugar na História
e que merecem, cada uma, a seu modo, participar dessa progressão, desse caminho
que o homem tem diante de si. Por isso, sinto-me muito tranqüilo ao felicitar o
Ver. Cláudio Sebenelo por ter feito esta proposta, e para que a Câmara
Municipal de Porto Alegre tivesse a oportunidade de, numa Sessão memorável como
esta, acolher entre os cidadãos de Porto Alegre essa figura do Dr. Dagoberto
Lima Godoy. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nos honrando com suas presenças, já
citadas aqui pelo Ver. João Dib, a mãe do homenageado, a Sra. Helena Lima
Godoy; a esposa, Sra. Dione Teresa Vanoni Godoy e seu filho André Vanoni Godoy. É uma honra muito grande tê-los
aqui presente.
O
Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra pelo PDT.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Os senhores puderam, nesta
homenagem solene que o Legislativo de Porto Alegre presta ao Dr. Dagoberto,
observar muito do processo da evolução política do pensamento rio-grandense.
Naturalmente esta é uma Casa plural, que tem visões distintas da compreensão do
conjunto dos problemas regionais, nacionais e mundiais, mas na sua natureza
plural, ela tem a sensibilidade de compreender, ilustre Vereador Cláudio
Sebenelo, autor da iniciativa, a importância da homenagem que hoje prestamos a
Dagoberto Lima Godoy: sua história, sua trajetória de expressão de uma
comunidade, de um segmento da sociedade que conseguiu o respeito da Nação e,
internacionalmente, digo assim da cidade de Caxias do Sul. Nós prestamos também
uma homenagem a Caxias, que soube se transformar, com todas as suas
dificuldades, nesse eixo econômico que representa. Quem sabe, aquela região,
representa a capital econômica do Estado, e o nosso homenageado representa a
síntese daquela comunidade, é a expressão daquelas pessoas que com garra, com
determinação, com obstinação conseguiram dobrar as vicissitudes da vida e da
própria natureza. E digo a todos os Senhores e, particularmente, ao ilustre
Vereador da iniciativa, que iria falar pela Bancada do PDT com muita qualidade,
mas eu, Dr. Dagoberto, não resisti em me manifestar nesta oportunidade, pela
minha ligação ao amigo e a esse conjunto de pessoas que aqui estão presentes.
Também procuro transmitir, em nome da minha Bancada, algo sobre o que está
acontecendo e o que essa homenagem representa para todos nós. E mais ênfase tem
a natureza plural desta Casa, e a unanimidade conquistada por S. Exa. tem um
significado muito maior, se S. Exa. soubesse - e certamente não sabe -, porque
foi num momento de uma grande contradição sobre a concessão de títulos num caso
concreto que vivenciamos, e S. Exa. conquistou a unanimidade dos votos desta
Casa que tem uma natureza plural. Por isso, a ênfase que damos a essa questão
tão importante para todos nós, essa unanimidade conquistada num momento
delicado, em junho de 97, quando o título concedido a S. Exa. foi concedido por
unanimidade, com todas as representações políticas e que aqui se fazem
presentes também na homenagem. Portanto, a importância e a relevância da
homenagem que é prestada ao ilustre caxiense, que poderia dizer que, de fato,
já era porto-alegrense e que hoje é de direito por força de uma Lei Municipal,
de um Projeto de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo e, posteriormente a sanção do
Sr. Prefeito Municipal, transformando o S. Exa. num cidadão mais do que os
demais, porque é um cidadão de fato e de direito da Cidade de Porto Alegre.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Ver. Cláudio Sebenelo para
fazer a entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr.
Dagoberto Lima Godoy.
(Procede-se
à entrega do Título.)
Convidamos
o representante do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Sr. César Acosta
Heck, Supervisor da SMIC e Presidente do Conselho Municipal de Ciência e
Tecnologia, para fazer a entrega da Medalha de Porto Alegre ao nosso
homenageado.
(Procede-se
à entrega da Medalha.)
Nós
passamos às mãos do Dr. Dagoberto Lima Godoy uma coleção de fotografias, de
imagens das mais expressivas de todo o Estado do Rio Grande do Sul. Esse álbum,
muito bonito, foi um trabalho de dois grandes poetas - Luiz Coronel é um deles
-, e faz com que todos os que venham a visitar a Câmara Municipal possam levar
uma recordação que, tenho certeza absoluta, vai fazer com que se lembrem deste
momento tão importante para nós, aqui da Câmara Municipal, e, certamente, que
também para o Senhor.
(Procede-se
à entrega do Álbum de Fotos.)
O SR. PRESIDENTE: Bem, Senhores, chegamos ao momento mais
importante desta solenidade, porque, depois de ouvirmos os nossos oradores,
aqueles que falaram pelas diversas Bancadas com assento nesta Câmara, vamos
ouvir o nosso homenageado. Os Vereadores foram brilhantes, pois expressaram
exatamente o que pensavam a respeito desse grande homem, que é uma das
lideranças maiores que temos em nosso Estado, mas sei que, apesar de todas as
palavras que foram proferidas para homenageá-lo, nós todos queremos ouvi-lo.
O
Dr. Dagoberto Lima Godoy está com a palavra.
O SR. DAGOBERTO LIMA GODOY: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é com
muita emoção que ocupo esta tribuna da Casa do Povo de Porto Alegre, que hoje
me concede tão grande honraria.
Menciono,
especialmente, o Ver. Cláudio Sebenelo, estimado amigo que converteu a amizade,
que tanto prezo, na proposição de uma homenagem que, com muito pouco
merecimento, hoje recebo.
Quero
também expressar o meu reconhecimento pela presença de tantas autoridades,
amigos e companheiros, que aqui estão em tão grande número, pedindo-lhes perdão
por não saudá-los um a um, chamando-os pelos nomes, como seria o meu desejo.
Dirijo-me
a todos com muito carinho, dizendo-lhes apenas: meus amigos, minhas amigas.
Ensinaram-me os meus pais - e a vida me convenceu - que cultivar a humildade
ajuda a viver bem e a compreender melhor as coisas. Assim, não tenho nenhuma
dificuldade para perceber que a homenagem que hoje recebo, decorre, mais que
tudo, da circunstância de estar exercendo a Presidência do Sistema FIERGS, pelo
que devo, sinceramente, dividir a alegria deste momento com os milhares de
companheiros - empresários, executivos, técnicos e funcionários - que me
permitem liderá-los nas realizações da Federação e do Centro das Indústrias, do
SESI, do SENAI, do IEL e da INDUSPREVI, a serviço dos industriais, dos
industriários e de toda a comunidade gaúcha. Entretanto, no meu próprio
coração, ser aceito como Cidadão Porto-alegrense me enternece como a notícia de
um grande amor correspondido.
Todos
sabem, pois foi aqui lembrado, sou filho de Caxias do Sul, o que muito me
orgulha. Mas, o que hoje me alegro em revelar a todos os que aqui me acarinham
com suas presenças é que foi nesta Porto Alegre querida que me descobri como
gente, que moldei as bases da minha personalidade. Até de meus queridos pais,
cujos ensinamentos e, mais, cujos exemplos balizaram meu caráter, são de Porto
Alegre as primeiras lembranças que deles acalento. No fundo de minha memória, é
no cenário daquela casa simples, lá na Rua Chile número 130, que encontro as
mais antigas recordações: o beijo de boa-noite de minha mãe Helena, que me dá
uma alegria tão grande de estar aqui; do carinho da vó Jeorginha, tantas vezes
traduzido no quitute especialmente para mim preparado; da convivência fraterna,
do abraço forte do meu pai, o então Major Godoy, quando corria eu para encontrá-lo
na esquina da Avenida Goethe, na volta de seu dia de trabalho no Hospital
Militar. Ali, no Bairro Rio Branco, fiz meus primeiros amigos e, com eles,
conquistei o espaço de suas ruas: Castro Alves, Casemiro, Vitor Meirelles, Dona
Laura, aquilo que nós considerávamos a nossa zona, então conhecida como Chácara
Mostardeiro. Lá despertei ouvindo os pregões matinais do peixeiro, do
jornaleiro, do comprador de ferro-velho e garrafa vazia, o apito flauteado do
afiador de facas e a azáfama do verdureiro, do padeiro, do leiteiro e do
geleiro. Todos eles vinham trazer os seus serviços e a sua camaradagem à porta
da nossa casa.
Ali,
sendo colorado, fanático pelo “rolo compressor”, furei os jogos no campo do
Grêmio, por baixo das suas arquibancadas de madeira. E mais taludo, com o
privilégio de gente de casa, assisti da chamada bacia aos pares do prado, cujos
belíssimos cavalos, muitas vezes, eram levados a passear pelas ruas do nosso
bairro, passando à frente da minha casa.
Em
Porto Alegre, iniciei e percorri a longa trajetória dos bancos escolares e do
aprendizado que nunca termina, no Grupo Escolar Uruguai, na Rua Esperança.
Meus
caros amigos Vereadores, os nomes das ruas deveriam compor o patrimônio
histórico do Município. Porto Alegre, certamente, é muito mais charmosa com as
Ruas da Praia, Rua do Arvoredo, da Ladeira, do Rosário, com o Caminho do Meio e
com o Parque da Redenção.
Depois
do Grupo Uruguai, o IPA, o meu amado Julinho e a Escola de Engenharia da UFRGS,
esta mesma, consagrada com dois triplos graus A, duas recentes avaliações do
Ministério de Educação.
Em
Porto Alegre, fui me construindo como pessoa, me socializando e fazendo amigos
nas quadras de esporte, nos salões do União, do Clube do Comércio, do Petrópole
e da SOGIPA.
Como
esquecer das reuniões dançantes do Centro Acadêmico de Engenharia, os bailes de
formatura da Reitoria, a música do Norberto Baldauf, das matinês do Imperial e
do Colombo?
Morei
depois, no Bom Fim, ali na Venâncio, defronte ao Pronto Socorro, onde meu pai
fundou o Laboratório Godoy que, até hoje, ali funciona, por outras mãos, no
mesmo local. Eu poderia ter sido, se fosse o jeito da época, “um magro do
Bomfa”, por que não?
Em
Porto Alegre eu tive, afinal, a minha primeira oportunidade; aqui iniciei minha
carreira profissional.
Nessas
reminiscências, eu poderia enfadá-los por horas. Por isso, até tomei a
precaução de trazê-las rabiscadas, tentando, assim, respeitar o limite da
paciência dos amigos. Creio ter-lhes dito o bastante para que compreendam por
que amo tanto esta Cidade.
Somente
uma referência mais: as caminhadas notívagas do adolescente pelas ruas do meu
bairro, em cujos bares, uma vez ou outra, lembro ter encontrado o nosso
Quintana. E, aqui, digo a ele: “Eu também, querido Mário, tenho saudade das
ruas de Porto Alegre por onde jamais passei”.
Meus
amigos e minhas amigas, as atividades empresariais e as obrigações dos cargos
de representação que me confiaram os companheiros levaram-me a andar pelo mundo
e a conhecer pessoas, usos e costumes os mais variados, o bastante para me
convencer da identidade de virtudes e defeitos básicos que fazem todos os
homens iguais em natureza e evidenciam o artificialismo das fronteiras e a
cegueira dos xenófobos. Quero ser um homem do mundo, irmanar-me com todas as
gentes. Mais que isso: as experiências que vivenciei, as lições que os mestres
me ensinaram, os livros que li e as muitas meditações que elocubrei resultaram
na convicção holística, na visão da grandiosidade do universo em que se insere,
em toda a sua ínfima pequenez, mas com toda a sua imensa potencialidade, a saga
da humanidade e minha própria aventura existencial. Sou um “holon”, na
expressão de Arthur Kostler: parte infinitésima do todo universal, mas o
universo infinito de meu interior, de meus valores, de meus sentimentos e de meus
ideais.
Quero,
assim, mais e mais, ligar-me à imensa teia do relacionamento humano, da
sintonia com a insondável grandeza da criação divina, abrir os braços e
estender os ramos do meu viver em busca do dar sentido à minha vida. Mas tenho
raízes, e as preservo, as cultivo, pois sem elas não se pode estar, nem viver
no mundo. Essas raízes são minha família, minha Dione, namorada eterna; meus
filhos, Dagoberto, Andréia, Raquel; minhas netinhas. Também os filhos novos,
Sone e Wilson. Todos eles são presença e esperança na eternidade de minha vida.
Dos meus companheiros de ideal e luta. Dos meus parentes e amigos. E amigos,
tantos, todos parentes no meu querer.
Essas
raízes são o meu “me sentir tão brasileiro” e me orgulhar de ser gaúcho, nesta
fase tão desafiadora, mas esplendorosa da nossa história. A alegria de ser
caxiense e agora, a honra de ser Cidadão Porto-alegrense.
Por
isso, quero agradecer do fundo de minha alma à Câmara Municipal por esse
título, emoldurado pelas palavras dos que aqui me saudaram: Ver. Cláudio
Sebenelo, Vera. Sônia Santos, Ver. Adeli Sell, Ver. João Dib, Vera. Clênia
Maranhão, Ver. Lauro Hagemann e Ver. Isaac Ainhorn. Todos viram o exagero de
seus elogios, mas que foram tão agradáveis aos meus ouvidos e benfazejos à
minha auto-estima.
Tão
elevada homenagem, cercada de tanto carinho, me engrandece e me retempera para
continuar vivendo, com renovada intensidade a alegria de viver, para continuar
enfrentando com entusiasmo, coragem e otimismo os desafios da existência. Para
prosseguir com meus amigos e concidadãos de Porto Alegre, de Caxias e do mundo
a caminhada conjunta da grande aventura humana. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do Ver. Clovis
Ilgenfritz, Primeiro Vice-Presidente da Casa; do Ver. Pedro Américo Leal; do
Ver. Fernando Záchia.
Para
finalizar a Sessão, ouviremos o Hino Rio-grandense, interpretado pela Banda da
Brigada Militar.
(É
executado o Hino Rio-grandense.)
Queremos
agradecer a presença de todos e dizer que é um orgulho contar com a presença
dos senhores e das senhoras. É uma honra muito grande para esta Casa, hoje,
fazer com que esteja no rol dos cidadãos desta Cidade essa grande figura do Dr.
Dagoberto Lima Godoy. Muito obrigado e que todos possam ir com Deus.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão Solene.
(Encerra-se
a Sessão às 18h38min.)
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